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Foto do escritorAdriana Ferreira

Resenha do Livro: Belo mundo onde você está, de Sally Rooney

Atualizado: 19 de dez. de 2023

O olhar de jovens adultos sobre a atualidade e como encaram o seu lugar no mundo.

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Confira a resenha do livro Belo mundo onde você está, de Sally Rooney, traduzido por Débora Landsberg e publicado pela Companhia das Letras em 2021.


Se você esperava ter sua vida resolvida aos 30 e descobriu que isso era uma grande ilusão, esse livro é pra você!  Uma história contemporânea sobre amizade, amor, companheirismo, mas, principalmente, sobre autoconhecimento. 


Quatro jovens adultos vivem um processo intenso sobre aprender a olhar para dentro, no mundo conturbado em que vivemos. Excesso de trabalho, tecnologia, cobrança por alto desempenho e padrões de aparência, felicidade, sucesso… 


É necessário se reconhecer no caos e compreender o que se quer de verdade, para muito além das expectativas alheias.


“Mas sinto muito em dizer que talvez seja tarde demais para mudarmos quem nos tornamos”.

Belo Mundo Onde Você Está, é construído entre relatos do passado e do presente, pelos quais vamos conhecendo cada um dos personagens e como eles se cruzaram.


Alice, extrovertida, rebelde, sempre muito questionadora e inconformada com tudo. É uma escritora famosa que vive uma crise de estresse por excesso de trabalho e passa a questionar sua carreira. Na tentativa de descansar vai passar uma temporada sozinha no litoral da Irlanda, onde conhece Felix. Um homem misterioso, também com muitas questões não resolvidas, relações familiares difíceis e uma maneira muito estranha de se relacionar.


De lá, Alice mantém frequentes trocas de e-mail com Eileen, sua amiga desde a faculdade, que mora em Dublin. Introvertida e muito estudiosa, ela é editora de uma revista literária e se equilibra entre conquistar satisfação profissional e manter uma boa relação com sua família. Simon, amigo de infância de Eileen, também faz parte do grupo de amigos, um homem muito religioso, carismático e com um trabalho e vida amorosa bastante agitados.



Nem sempre juntos, mas sempre em contato, eles vão compartilhar dilemas cotidianos que nos permitem refletir questões existenciais e relacionais. Por que é tão difícil se entregar para novas experiências? Como reconhecer antigos amigos? É possível aprender a confiar em alguém? Por que dores do passado pesam tanto, mesmo após tanto tempo?


Traumas, dúvidas, frustrações, medo, insegurança contrapõe a ambição, a esperança e eterna busca pela felicidade dos jovens personagens. Tudo pela tentativa de se encaixar em padrões, muitas vezes inalcançáveis e alimentados pelas mídias digitais.


“Vai ver que certos tipos de dor, em fases da vida de formação, ficam gravados para sempre no senso de identidade da pessoa”.

Na fase adulta, as frustrações, responsabilidades, cobrança por construir uma carreira, estabilidade emocional e financeira batem à porta, de maneiras diferentes para cada um. A família, que nem sempre esteve presente, aparece de tempos em tempos para cobrar. Constantemente o pensamento sobre quem queriam ser no trabalho e no amor, contrasta com quem se tornaram.


Tudo acontecendo em um mundo cheio de problemas, acelerado, onde nada parece estar bem de verdade. Não há muita fé na humanidade, nem esperança por dias melhores: violência, poluição, desemprego, crises políticas e econômicas. 


Uma geração constantemente cobrada por ter sucesso em todas as áreas da vida, apenas tenta sobreviver da melhor forma possível na realidade que está posta.


É muito fácil se identificar e compartilhar dos sentimentos de Alice, Eileen, Félix e Simon. É como se fizéssemos novos amigos, com os quais podemos dividir as alegrias e dificuldades da vida adulta.


“E a vida é mais instável do que eu achava que fosse. Isto é, ela pode ser horrível por muito tempo e depois ser feliz. Não é oito ou oitenta — não está acoplada a uma rachadura chamada “personalidade” e seguirá junto dela até o fim. Mas eu realmente acreditava que fosse assim”.

A escrita de Sally é fluida, envolvente e bastante realista. Mesmo os trechos em que as amigas trocam longos e-mails divagando sobre assuntos diversos, parece uma conversa filosoficamente interessante. Recheados de críticas à nossa sociedade e a forma “bem sucedida” que almejamos levar a vida adulta. 


“Sei que concordamos que neste momento a civilização está em fase de decadência, e que a feiura sombria é a característica visual prevalecente da vida moderna”.

 

Deixo aqui o link para adquirir o livro e ainda ajudar o Raízes: Belo mundo, onde você está, de Sally Rooney.


Outras obras de Sally Rooney já publicadas no Brasil: Pessoas normais (que virou série pela BBC Three e agora está disponível em vários streamings) e Conversas entre amigos.


Para saber mais sobre a autora:

  • Este vídeo que mostra o lançamento do livro em uma livraria linda de Londres. Bem interessante ver a expectativa dos fãs e ela interagindo com o público.

  • Para quem quer conhecer mais da autora, neste vídeo, ela conta um pouco sobre sua carreira e processo de escrita. A entrevista foi feita antes do lançamento de "Belo mundo, onde você está" então ela comenta apenas sobre suas duas primeiras obras.

 
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Obrigada por ler! 🤓

Espero que tenha gostado e se inspirado a ler o livro.

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Nos vemos no próximo texto 🥰



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