Um romance sobre a independência do Brasil, na perspectiva da população negra e indígena da Bahia, que tanto lutou por seus direitos e terra.
Soberania Cabocla é um romance baseado em fatos históricos, ocorridos de 1820 a 1824, período de luta e conquista da independência do Brasil.
Fruto de uma vasta pesquisa do autor, que para romancear a história, foi fundo nos estudos sobre a História do Brasil, num trabalho que iniciou em 2011.
Essa é a primeira publicação do autor, que a partir de seus estudos, sentiu que precisava escrever sobre o Brasil, mas da perspectiva de pessoas que costumam ser esquecidas.
Nessa obra, mulheres, pessoas negras escravizadas e indígenas moradores da Bahia, que lutaram unidos e determinados em favor da independência do Brasil, são os protagonistas. Na busca da valorização da sua terra, para poder existir com dignidade, direitos e humanidade no lugar onde nasceram.
Uma aventura histórica que nos prende do início ao fim
Contada em um passeio pelo tempo, mesclando relatos do passado, presente e futuro, a história nos revela aos poucos o destino de seus personagens.
Envolvidos pela escrita de Dan, seguimos ansiosos pelo próximo acontecimento, seja na batalha pela independência, na luta por um grande amor ou pela descoberta de um assassinato.
Amor, vingança, ganância, medo — sentimentos que se mesclam e se confundem como motivadores para os personagens da trama. Envoltos em suspense e drama, acompanhamos conflitos dos mais diversos gêneros e suas resoluções nem sempre felizes.
Uma história que realmente nos prende do início ao fim, com suas diversas camadas: personagens e relações interessantes, fatos históricos e temáticas tão importantes ainda atualmente, como o racismo, desigualdade de classes, violência contra a mulher e abusos religiosos. Inclusive citando personalidades reais, que marcaram nossa história como Maria Quitéria, Maria Felipa e Joana Angélica.
“Então ouviu os gritos e um calafrio lhe percorreu o corpo. Quarenta mulheres corriam como éguas pela praia. Cabelos presos em turbantes, saias amarradas às coxas, blusas esvoaçadas ao vento. Traziam peixeiras do tamanho de facões, archotes inflamados como fogueiras, talhas de barro tão volumosas quanto leitões”.
Histórias de amor, famílias e amizades
Em meio a luta pela independência, em que o povo precisa se organizar para lutar e defender suas vidas e seu espaço, também conhecemos relações complexas e profundas.
Tendo como fio condutor a história da protagonista Ana, jovem branca que foge do casamento ao qual foi prometida contra sua vontade, conhecemos os moradores da cidade de Cachoeira e arredores. Acompanhamos suas jornadas pessoais e como elas se cruzam na luta por um bem maior: a independência do Brasil.
Em diferentes núcleos de personagens conhecemos pessoas negras escravizadas, senhores de escravos, pescadores, comerciantes, militares, políticos, indígenas e religiosos.
Vivendo diferentes relações familiares, com pais autoritários, maridos infiéis, violentos e machistas, irmãos gananciosos, esposas resilientes e filhos com ímpeto rebelde, buscando transformação e vivendo a partir de suas escolhas.
Formando também relações que poderiam ser consideradas fora do padrão — em uma sociedade ainda mais moralista e tradicional do que atualmente — vemos relações homoafetivas, entre pessoas de diferentes etnias e raças, cores e classes sociais.
Um povo de resistência e luta
Diferente do que parte da história "oficial" insiste em contar, não houve uma submissão e aceitação do povo brasileiro ao seu colonizador português, que explorava a terra e as pessoas que moravam aqui.
Havia pessoas atentas aos abusos, exploração, violência e injustiças sofridas e entendiam ser necessário resistir e, perante ameaças, lutar para mudar esse cenário.
“Os portugueses queriam o rebaixamento do Brasil à sua condição original de colônia. Os brasileiros defendiam o país como membro do reino e em pé de igualdade com Portugal”.
De forma estratégica, organizada e inteligente uniram forças e enfrentaram o inimigo. Mesmo com poucos recursos, todos colaboraram como podiam sempre focados em sobreviver.
Destacando a força e autonomia de mulheres, que também lutaram na guerra, articularam para seu melhor andamento, cuidaram bravamente de feridos sobreviventes e foram fonte de esperança e determinação.
“Apagam-se os registros, mas não se calam os homens. A história dirá”.
Obra essencial para conhecermos nossa história de outra perspectiva, nos aventurando pela Bahia em meados de 1800, conhecendo outro Brasil e outro povo brasileiro, que diverso e unido lutou por sua dignidade. Recomendo demais a leitura.
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Obrigada por ler! 🤓
Espero que tenha gostado e se inspirado a ler o livro.
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Nos vemos no próximo texto 🥰
Essa resenha foi produzida através de uma parceria com o autor. Se você quer ver o seu livro resenhado por aqui também, entre em contato: raizes.conteudo@gmail.com.
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