Neste segundo artigo, conheceremos o processo de escolha de membros e as principais atividades da ABL.
Reconhecimentos Literários: Academia Brasileira de Letras — Parte II
Com o propósito de cultivar a língua e literatura nacional, além de preservar acervos com a memória da literatura brasileira, a ABL busca estimular e promover trocas intelectuais, através de eventos, conferências e uma série de publicações.
Quem define e conduz essas atividades são os membros eleitos junto de uma equipe de especialista que executa as atividades.
Nesse artigo vamos conhecer como os novos acadêmicos são escolhidos e quais as atividades promovidas pela ABL.
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Escolha dos membros
A Academia Brasileira de Letras é formada por 40 acadêmicos, que se tornam membros perpétuos da instituição, isto é, são acadêmicos até a sua morte.
Quando um dos membros falece, sua cadeira é divulgada como vaga na chamada Sessão da Saudade e quem tiver interesse e atender aos requisitos tem 60 dias para se candidatar.
Há um ritual de candidatura, descrito no estatuto, que dentre outras coisas envolve o envio de uma carta ao presidente da ABL e a entrega de um exemplar de sua obra literária aos acadêmicos.
Passados os dois meses dedicados às candidaturas, ocorre a eleição para a escolha do novo membro, apenas entre os acadêmicos. Para entrar na academia, é preciso receber maioria absoluta dos votos, que ao final da sessão são queimados em um caldeirão (tradição alterada apenas em 2023, com a entrada do voto eletrônico).
Segundo o estatuto, para se candidatar é necessário ser: “brasileiro nato e ter publicado, em qualquer gênero da literatura, obras de reconhecido mérito ou, fora desses gêneros, livros de valor literário”.
Entretanto, é de conhecimento público a exigência de rituais não descritos no estatuto. Dentre eles conquistar dentre os acadêmicos um padrinho para sua candidatura, frequentar os eventos promovidos pela ABL e de promover jantares e encontros sociais com os intelectuais.
Um processo similar a de uma campanha eleitoral, a fim de conquistar votos e garantir que sua candidatura seja aceita. Especula-se que esse processo requer disponibilidade de tempo e dinheiro.
O que demonstra que fazer parte da ABL não se trata apenas de ter produzido notável obra literária e contribuído para a cultura do país. Mas também, pertencer ao círculo social dos membros, criando e mantendo bons relacionamentos.
Ritual de posse
Escolhido o novo membro, inicia-se o processo para o dia da posse, que como tudo na ABL segue diversos rituais.
A data para o grande dia é definida de comum acordo entre o novo acadêmico e o membro escolhido para recepcioná-lo.
Um dos itens mais especiais que envolve a cerimônia é o famoso fardão. O traje que os acadêmicos vestem nas cerimônias oficiais é composto por calça e blazer na cor verde-escuro com ramos de café bordados com fios de ouro.
Complementam a veste um chapéu de veludo preto com plumas brancas e uma espada. Atualmente, esse figurino especial custa por volta de R{{%%ltplaceholder%%}}nbsp;70 mil reais e é uma tradição que o Governo do Estado natal do acadêmico se ofereça para arcar com os custos.
A solenidade inicia no Salão Francês, do edifício Petit Trianon, onde o Acadêmico eleito fica sozinho, em um momento de reflexão, antes da cerimônia de posse.
Na sequência, os acadêmicos escolhidos buscam o novo membro e o conduzem até o Salão Nobre, que fica no mesmo prédio, onde é realizada a posse na Cadeira para a qual foi eleito.
Como a ABL e seus membros se mantém financeiramente
Por ser uma instituição privada, a ABL não recebe nenhum tipo de verba ou benefícios de qualquer nível do governo. A renda da instituição vem de alugar salas no edifício Palácio Austregésilo de Athayde e outros imóveis pelo Rio de Janeiro, além de aplicações financeiras.
Já os acadêmicos, membros da ABL, recebem um salário fixo mais valores extras por participações em eventos da ABL. Os valores, entretanto, são sigilosos.
Vale citar também que por fazer parte da Academia Brasileira de Letras, o acadêmico adquire status e reconhecimento, o que o permite aumentar o seu cachê para trabalhos independentes.
Para que a ABL serve?
A instituição é bastante atuante na produção e publicação de conteúdos literários e acadêmicos, além da promoção de eventos que permitam discussões e reflexões acerca da literatura, língua portuguesa e cultura.
Ela também realiza alguns serviços para a sociedade e mantém acervos e bibliotecas, que não só preservam a memória, como também atendem acadêmicos e a comunidade.
Algumas das atividades e serviços realizados pela ABL
Programação cultural variada, com conferências, exposições, mesas redondas, leituras dramatizadas, seminários, eventos de música e teatro. Diversos dos eventos são híbridos, podendo ser acompanhados de qualquer lugar, acompanhe aqui a programação dos eventos promovidos pela ABL.
Serviços disponibilizados pelo site da ABL:
- Guia Volp (Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa) - A academia edita o guia com a grafia correta de todas as palavras existentes no nosso vocabulário. Serve para consultas em caso de dúvidas sobre a existência e/ou grafia de alguma palavra.
- Novas palavras - A ABL monitora e divulga semanalmente, pelo site e redes sociais, uma palavra ou expressão que está sendo mais usada na língua portuguesa. Seja por um neologismo, um empréstimo linguístico ou até mesmo alguma palavra que já existe, mas que passou a ser utilizada com um novo sentido. O objetivo dessa ação é enriquecer o vocabulário, desenvolver a capacidade de comunicação e compreensão de novos contextos.
- Artigos escritos pelos acadêmicos, em suas colunas em jornais ou revistas, sobre temas diversos e atuais, são também reproduzidos no site da instituição.
Bibliotecas mantidas pela ABL:
- Biblioteca Acadêmica Lúcio de Mendonça, que existe desde a fundação da ABL e atende acadêmicos e pesquisadores com acervo de mais de 20 mil livros. Além de um acervo museológico com móveis de época, esculturas e quadros.
- Biblioteca Rodolfo Garcia, inaugurada em 2005, conta com mais de 90 mil obras, sobre filosofia, linguística, literatura, filologia, história e ciências humanas.
Acervo museológico e arquivístico com documentos, fotografias, periódicos e arquivos pessoais dos escritores, além de móveis históricos e obras de arte. Consulta ao Acervo.
Sala Machado de Assis, inaugurada em 2001, destinada à pesquisa e difusão do universo machadiano.
Convênio de cooperação científica e cultural, firmado em 2007, com a Academia della Crusca, a mais antiga instituição europeia de estudos linguísticos.
Assinatura do novo acordo ortográfico, em 2008, data que também marcou o centenário da morte de Machado de Assis.
Acordo de cooperação entre a ABL e a câmara de deputados, firmado em 2019, inicialmente para coedições. A parceria resultou em novos acordos, para que juntos promovam a cultura nacional e ações de valorização da leitura.
Revista Brasileira da ABL, publicação literária fundada em 1855 passou por diversas fases, com mudanças em sua direção e editorial. É possivel consultar uma linha do tempo da publicação aqui. Desde 2018 a publicação está sob a direção de Cícero Sandroni, apresentando resenhas, ensaios e ficção. No site da ABL é possível consultar as edições a partir de 2005, em pdf.
Edição e coedições de publicações acadêmicas, como também os Anais da ABL e os Discursos dos Acadêmicos. As publicações podem ser encontradas na Biblioteca de Cultura Nacional e algumas obras podem também ser consultadas pelo site da ABL.
Produção de Podcasts sobre diversos temas do universo e mercado literário. Dentre eles: "Pensando o novo normal""Como e por que ler os clássicos", "Literatura Brasileira no Mundo", "Desafios da Cultura na Pandemia" entre outros. Veja a lista completa aqui.
Para acompanhar as atividades da ABL
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